segunda-feira, 8 de março de 2021

O pioneirismo e a força da mulher

Embora a história comprove que a mulher tem um papel fundamental no início da indústria automotiva, ganhou os céus nos primórdios da aviação, há ainda resistência em uma das principais categorias do esporte a motor.

Bertha Benz. Foto: Mercedes-Benz

Existem diferenças entre homens e mulheres, dos quais a biologia explica, porém, existe no ser-humano uma incrível capacidade de adaptação e, vontades e necessidades que facilmente subvertem leis biológicas, sociais ou morais. As mulheres por muito tempo foram vistas como frágeis, em alguns países como o nosso é comum ainda em pleno 2021, ainda exista um machismo tão presente, que é capaz de subjugar mulheres como inferiores em tarefas cotidianas como dirigir por exemplo. Mas muitos deixam de lado um fato histórico, uma mulher foi a responsável por viabilizar os carros no final do século XIX.

Esposa de Karl Benz, responsável pela patente do primeiro veículo a se locomover por meios próprios, através de um motor de combustão interna, Bertha Benz, acompanhada por seus filhos Richard e Eugen. Partindo de Mannheim com destino a Pforzheim, uma distância de 106 quilômetros - um percurso banal para os dias atuais, mas imagine-se em agosto de 1888.

Não existiam estradas, oficinas mecânicas ou postos de combustíveis, todos concertos foram realizados por Bertha, quando faltava força ao pequeno motor do Motorwagen Model III, seus filhos eram responsáveis por empurrar o veículo nos aclives mais acentuados, os quais o carro não conseguia transpor por meios próprios. Há relatos que a pioneira desentupiu o cano de combustível usando um alfinete de seu chapéu e, na cidade de Wiesloch, comprou combustível de um químico local.

Chegando a Pforzheim, Bertha e os filhos passaram alguns dias na casa de sua mãe, não sem antes enviar um telegrama para seu marido, que então não sabia o destino de sua família, comunicando o sucesso da aventura. Retornaram para Mannheim, completando assim a primeira viagem longa de automóvel, guiado e consertado por uma mulher.

Pioneirismo nas alturas, o céu não é o limite



Raymonde de Laroche, em 1909, a primeira mulher a conquistar os céus de Paris. Foto: Wikimedia

Apenas três anos após Alberto Santos Dummond, realizar o primeiro voo em Paris, em setembro de 1906, os céus da capital francesa era agraciado por um feito, que na época era totalmente revolucionário. Aos 27 anos, no dia 22 de outubro de 1909, Raymonde de Laroche, nome artístico de Elisa Léontine de Laroche, foi a primeira mulher a levantar voo sozinha, orientada pelo aviador Charles Voisin. 

Em 8 de março do ano seguinte, Raymonde recebeu sua licença de piloto, através da Federação Internacional de Aeronáutica. Em julho do mesmo ano, Laroche participava de um show aéreo em Reims, quando seu avião caiu, provocando ferimentos graves, a piloto levou dois anos para se recuperar.

Durante a Primeira Guerra Mundial, serviu como motorista do exército francês, conduzindo oficiais até os campos de batalha. Em 1919, Raymonde estabeleceu recordes de atitude: 4800 metros e, distância: 323 quilômetros percorridos em um voo por uma mulher. No mês seguinte, um acidente tirou a vítima de Laroche que atuava como copiloto em um avião experimental, uma estatua à sua memória foi erguida no Aeroporto Paris-Le Bourget.

Não é difícil encontrar mulheres que realmente lutaram pela igualdade de genero na história, podemos citar Amelia Earhart, primeira mulher a cruzar o Oceano Atlântico. Maria Teresa de Filippis, a primeira mulher a guiar um carro de Fórmula 1 nos anos de 1958 e 1959, Lella Lombardi, a primeira a pontuar na categoria no GP da Áustria de 1976. Outras mulheres também correram em carros da Fórmula 1, mas a última a pilotar oficialmente foi Giovanna Amati em 1992.

Diversas categorias do automobilismo contam com mulheres em seu Grid, mas a Fórmula 1 continua restringindo as mulheres como pilotos de teste. Nos últimos anos Lewis Hamilton, piloto da Mercedes, tem sido forte defensor da presença feminina na competição, afinal, a história nos mostra como a mulher pode desempenhar muito bem funções que para muitos, é "coisa de macho". Pode parecer engraçado, mas a mulheres ganharam a imensidão dos Universo, mas não podem disputar um campeonato de uma das principais categorias do automobilismo, um verdadeiro clube do bolinha.

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