quarta-feira, 8 de maio de 2024

O Brasil na lama

 O estado de calamidade causado pelo grande volume de chuva que atingiu, e atinge o Rio Grande do Sul.  evidência a união e o senso de solidariedade do brasileiro, qualidade que tanto faz falta por parte do Governo Federal. A catástrofe, fruto das mudanças climáticas, é um sopro de unidade diante mais de uma década de polarização extrema, houve politicagem, discursos de ódio e indiferença? Sim, mas partindo de falas infelizes de extremistas que não merecem ser evidenciados, o foco é a ajuda irrestrita ao povo gaúcho.

Empresários, influenciadores, artistas, pessoas anônimas, muitos dos quais demonizados por extremistas da esquerda, afinal nem só a direita tem seus extremos, tomaram frente no auxílio aos acometidos pelas chuvas torrenciais, enquanto isso a morosidade e o aparente desinteresse do governo central, trazem tons de uma retaliação velada das eleições de 2022. A tal frente ampla pela união, não demonstra uma unidade, basta lembrar da infeliz fala proferida pela ministra da igualdade racial Anielle Franco, que pede que Ciganos e Quilombolas sejam priorizados na entrega de água e alimentos. O critério de ajuda não deve levar em contra grupos étnicos, mas sim a necessidade, como em toda tragédia, resgata-se com prioridade aquele que esta em maior risco.

Ajudar é um ato humano, acima de ideologia, etnia ou religião, o Brasil que enviou no último mês de fevereiro 125 toneladas de alimentos para Cuba, enviou em sua primeira ação 18 toneladas de doações através da Força Aérea Brasileira, doação que não foi feita pelo governo. O também causa espanto é a demora na disponibilização de homens e equipamentos por meio da União, enquanto estados e municípios disponibilizaram aeronaves, equipes de salvamento e pessoas qualificadas para atuar em situações extremas. Empresários colocaram suas aeronaves à disposição e, estes somam hoje uma força tarefa maior do que a oficial.

Outro ponto que devemos levar em consideração, são os roubos e saques, principalmente na região metropolitana de Porto Alegre, não é de hoje que vivemos um caos na segurança pública, mas, é difícil aceitar que pessoas que perderam praticamente tudo, ainda sofram com a violência. As leis brasileiras, a educação falha, a complacência de setores do executivo, legislativo e judiciário com o crime, formam o ambiente ideal para o deleite dos criminosos.

Enquanto o povo se afoga, na calada da noite, como de costume, o governo protocolou a votação do Plano Mover, voltado para indústria automobilística, mas com um jabuti no meio, a proposta de taxar em 60% as compras de até US$50 em sites estrangeiros. O presidente que diz defender o pobre, mais uma vez lutando contra o que diz defender. Quem tem condições de viajar para o exterior é isento em mil dólares em mercadoria. A justificativa é a de priorizar o varejo nacional, que serve muitas vezes como um atravessador de mercadorias chinesas, tantos impostos, arrecadações recordes, mas nada de dinheiro para resgatar o próprio povo. 

A prioridade dada ao show da Madonna por parte da maior emissora do país é questionável, durante o final de semana o sul do país ficou em segundo plano, a Vênus Prateada poderia ter aproveitado a transmissão para divulgar ao menos a campanha oficial, afinal, um QR Code na tela estragaria o espetáculo? Como mea-culpa, na última segunda-feira, 6, a apresentação do principal noticiário do canal foi transferida para a capital gaúcha, o que não foi bem recebido pelos locais, que sofreram durante todo o final semana até serem notados. O show deveria ser cancelado? Não, a data já estava definida, o que realmente incomodou e segue incomodando boa parte dos brasileiros é a indiferença de parte da imprensa e a preocupação do presidente, torcer pelo Grêmio e pelo Internacional, o pão e o circo. Enquanto o que o Rio Grande do Sul precisa de pão, água e uma empatia sincera, não apenas a política protocolar.

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