O estilo com o tempo foi ganhando complexidade dentro e fora dos Estados Unidos, toda produção local ganha toques da música local, afinal o rock brasileiro traz influências da música brasileira, assim como o rock feito na Noruega carregará traços da cultura norueguesa. O rock progressivo talvez seja o subgênero com maior complexidade, alguns álbuns como Dark Side of the Moon do Pink Floyd, para citar um exemplo clássico, assemelha-se à uma sinfonia, afinal uma faixa está conectada a outra trazendo ao ouvinte uma experiência única ao ouvir a obra em sua totalidade, característica presente em outros álbuns não só da banda britânica, mas que faz parte do progressivo.
O que o rock me ensinou? Muito do que aprecio no âmbito musical e cultural se deve a influência do gênero, a partir do rock tive a oportunidade de conhecer o blues, o jazz, o folk, o soul, seus subgêneros também tiveram um grande papel nas descobertas musicais, descobertas não apenas em gêneros, mas em produção em outros idiomas que não o inglês ou português. No final do ano de 1999, ouvi no rádio a versão de Nothing Else Matters do Metallica com a participação da Orquestra Sinfônica de São Francisco, alguns anos depois ouvi o álbum Momente of Glory, Scorpions com a Filarmônica de Berlin, o resultado foi uma maior aproximação com a música erudita.
Mas o que toda essa história tem haver com a abertura desse texto? Algo simples que se torna de uma forma ilógica complexo, não existe um estilo musical massificado que seja exclusivo de alguma etnia, a partir do momento que algo torna-se público, pode e deve ser consumido por pessoas que se identificam com aquele material, bem como também pode ser produzido, o rock no seu princípio, música negra feita por músicos brancos e negros e assim permanece, ganhando ritmos, enriquecendo e avançando por décadas. Vi algumas coisas de relance nas redes sociais nas últimas semanas, branco não pode cantar rap, o estilo pertence ao negro da periferia, não existem também brancos na periferia? Uma cantora afirma na televisão que branco também canta samba, o país se divide em uma discussão sem fim sobre racismo, mas o que seria da popularização do rap estadunidense sem o branco Eminem? O que seria do samba paulistano sem Adoniran Barbosa? E o que seria da bossa nova se Tom Jobim não misturasse o samba ao jazz? O próprio rock sem Fats Domino, Chuck Berry , Little Richard, Elvis Presley e Bill Haley, se os negros e os brancos estivessem preocupados com a cor da pele? Vivemos em um mundo problematizador demais, não sabemos olhar para trás e enxergar que em tempos de preconceitos aflorados as pessoas se uniam pela arte e pela música, em tempos de politicamente correto, o preconceito cria barreiras ideológicas onde elas não deveriam existir. Viva o rock e sua capacidade de unir as pessoas!
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