segunda-feira, 12 de junho de 2017

Justiça com as próprias mãos

 
 
  Mais uma vez vem a tona nas redes sociais um assunto recorrente no Brasil, será mesmo que fazer justiça com as próprias mãos resolverias nossos problemas de violência? O vídeo que circulou na internet mostra o tatuador Maycon Wesley de Carvalho e seu vizinho Ronildo Moreira de Araújo, tatuando a frase: "Eu sou ladrão e vacilão", na testa de um menor. O ato é visto por muitos como uma punição justa, uma vez que a justiça não pune com severidade àqueles que infligem a lei. Mas será que voltar à selvageria de eras obscuras resolve alguma coisa? Sempre haverá o risco de um inocente pagar por um erro que não cometeu, como o caso ocorrido em Guarujá, litoral de São Paulo, na ocasião a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, foi espancada até a morte após um boato publicado em uma página no Facebook, dizendo que Fabiane sequestrava crianças para praticar rituais de magia negra.
  Um erro não deve ser justificativa para outro erro, segundo informações vinculadas na mídia, o garoto vítima da tortura em São Bernardo dos Campos é usuário de entorpecentes e sofre com problemas mentais. O pivô para agressão foi a suposta tentativa de furto à uma bicicleta que pertence a um deficiente físico que se diz horrorizado com o "castigo" dado ao menor. Por mais que a sociedade esteja farta de crimes sem solução, com a morosidade judicial e com a falência do sistema penitenciário, justificar um crime com outro crime nos transforma naquilo que mais repudiamos.
  Por mais que a violência seja algo digno de repulsa, o brasileiro esquece da violência que sofre diariamente, não a violência que vem das ruas, mas àquela silenciosa, sem armas, sem vítimas diretas, é a violência praticada com a assinatura de decretos, absolvição de políticos criminosos, o aumento de regalias para políticos e a redução de direitos para o trabalhador, as reformas que favorecem apenas quem dita as regras do jogo, esse é o pilar da violência em nosso país, a verba desviada, a propina, as obras superfaturadas, é a violência que silenciosa geradora da violência cotidiana. Ainda sobre fazer justiça com as próprias mãos, quem luta contra monstros deve ter cuidado para não se transformar em um deles.

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