Vou falar sobre a
minha geração, não com a mesma genialidade e vitalidade da canção My Generation
do The Who, composta por Pete Townshend, personificada na voz de Roger Daltrey.
Como o leitor deve ter percebido, não é uma postagem qualquer, mas será uma
abordagem extremamente pessoal e talvez um pouco ácida sobre a minha geração,
contraditória, arrogante e desiquilibrada. Espero que consiga ao menos com
minhas palavras fazer um convite à reflexão individual.
A internet é uma
ótima ferramenta para comunicação, diversão e absorção de conhecimento, mas
temos o lado ruim da internet, ela deu vozes aos idiotas nas mais diversas
esferas sociais, todo mundo é especialista sobre qualquer assunto, a opinião
pessoal deve obrigatoriamente como um trator demolir as opiniões contrárias, o
próprio coletivismo pregado por algumas ideologias são envoltos em um amargo e
seco individualismo, temos liberais que querem calar as minorias, o ódio
reverso, o preconceito combatido com preconceito e, não menos importante a
mania de criar rótulos e de se defender da seguinte forma: “nada contra, desde
que não se aproxime de mim”.
Um dos assuntos do
momento é a apropriação cultural, mais uma da nossa geração que adora
problematizar, mas não propõe soluções concretas. Primeiro vamos falar sobre o
caso da jovem Thauane Cordeiro, repreendida por garotas afrodescendentes (sim o
politicamente correto, falaremos dele adiante), o detalhe é que Thauane
publicou em seu Facebook a história, inclusive descrevendo o motivo para a “apropriação”
da cultura afro, a jovem luta contra um câncer e é admiradora da cultura
afro-americana. Não bastasse o caso do início do mês, agora no carnaval, a
cantora Anitta também foi acusada de apropriação cultural após aparecer com o
cabelo trançado. Na minha concepção é algo curioso, usar algo que pertença a
determinada cultura e etnia por identificação não é problema algum, afinal
Stewart Hall defendia em Culturas Hibridas que o Sujeito Pós-moderno não tem
uma concepção essencialista, nem mesmo identidade fixa, as culturas são cada
vez mais globalizadas, ou será que nos apropriamos da cultura oriental por
conta da culinária da região ser apreciada no ocidente? Deixo meu compreensivo
leitor com está indagação.
Olhando gerações
anteriores à nossa, podemos ver que ideologias políticas e divergências sociais
sempre existiram, porém a juventude dos anos 60 e 70 conseguiam se unir em
causas comuns, hoje é tudo como uma briga de torcidas organizadas, você é o
coxinha ou o mortadela, não existe meio termo, talvez a coxinha de mortadela
seja uma rara iguaria de nossa política indigesta em que a azia é causada pela
intolerância e pelo fanatismo, poucas pessoas debatem, geralmente tenta-se
enfiar goela abaixo o salgado ou o sanduíche preparado com o embutido. A
bipolarização política é como a fé cega, sempre é o outro que está errado,
ficar em cima do muro? Criar uma concepção que funda pensamentos de ambos os
lados? Tudo fora de cogitação, escolha seu uniforme, azul ou vermelho? Prefiro
o luto dos debates que já nascem mortos.
Tudo é motivo para
problematização, mas cadê as soluções viáveis? Vejo nossa geração extremamente
apática e nenhum um pouco autêntica, é fácil criar rótulos baseados nos gostos
que as pessoas aparentam ter, pelas roupas que usam ou pelo estilo de vida que
elas escolheram. Pior do que os julgamentos em si, é a forma como eles
acontecem, como já disse todos querem ter a razão, mas sempre são coisas discutidas
pelas costas. Quando a problematização envolve “influências”, ninguém quer
lidar com o problema, ninguém quer conviver com aquelas pessoas indesejáveis,
mas sempre irão jogar a responsabilidade para alguém, prefiro que falem
abertamente nesse tipo de situação, mas ser ácido e sincero com as palavras não
é um convite para conversa com pessoas falsas.
Chego agora ao
politicamente correto que citei lá em cima, o rei da discriminação moderna e do
racismo moderno. Boa parte das mazelas sociais da nossa geração só ocorrem
graças ao: “você não pode falar assim, respeite ele, ele não sabe o que está
fazendo, fulano deve ter problemas, não é legal falar do peso ou da cor do
outro”, oras cresci sendo zoado e retrucando as ofensas, em certo momento da
vida tudo vira uma grande brincadeira, só se ofende facilmente quem tem medo de
viver.
Enfim, por mais que
o texto tenha algumas confusões, ele retrata a confusão que anda minha vida e a
vida das pessoas da minha geração. Mas como ultimamente tenho preferido evitar
o embate direto, convido as pessoas para a reflexão, não custa nada, seria tão
bom ouvir as coisas na lata podendo rebater, receber soluções ao invés de
problematizações, apáticos, egoístas, intolerantes, retrógrados, dentre outros
adjetivos negativos, sim estou falando sobre minha geração. It´s my generation,
baby...
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