domingo, 26 de fevereiro de 2017

Falando da Minha Geração

  Vou falar sobre a minha geração, não com a mesma genialidade e vitalidade da canção My Generation do The Who, composta por Pete Townshend, personificada na voz de Roger Daltrey. Como o leitor deve ter percebido, não é uma postagem qualquer, mas será uma abordagem extremamente pessoal e talvez um pouco ácida sobre a minha geração, contraditória, arrogante e desiquilibrada. Espero que consiga ao menos com minhas palavras fazer um convite à reflexão individual.
  A internet é uma ótima ferramenta para comunicação, diversão e absorção de conhecimento, mas temos o lado ruim da internet, ela deu vozes aos idiotas nas mais diversas esferas sociais, todo mundo é especialista sobre qualquer assunto, a opinião pessoal deve obrigatoriamente como um trator demolir as opiniões contrárias, o próprio coletivismo pregado por algumas ideologias são envoltos em um amargo e seco individualismo, temos liberais que querem calar as minorias, o ódio reverso, o preconceito combatido com preconceito e, não menos importante a mania de criar rótulos e de se defender da seguinte forma: “nada contra, desde que não se aproxime de mim”.
  Um dos assuntos do momento é a apropriação cultural, mais uma da nossa geração que adora problematizar, mas não propõe soluções concretas. Primeiro vamos falar sobre o caso da jovem Thauane Cordeiro, repreendida por garotas afrodescendentes (sim o politicamente correto, falaremos dele adiante), o detalhe é que Thauane publicou em seu Facebook a história, inclusive descrevendo o motivo para a “apropriação” da cultura afro, a jovem luta contra um câncer e é admiradora da cultura afro-americana. Não bastasse o caso do início do mês, agora no carnaval, a cantora Anitta também foi acusada de apropriação cultural após aparecer com o cabelo trançado. Na minha concepção é algo curioso, usar algo que pertença a determinada cultura e etnia por identificação não é problema algum, afinal Stewart Hall defendia em Culturas Hibridas que o Sujeito Pós-moderno não tem uma concepção essencialista, nem mesmo identidade fixa, as culturas são cada vez mais globalizadas, ou será que nos apropriamos da cultura oriental por conta da culinária da região ser apreciada no ocidente? Deixo meu compreensivo leitor com está indagação.
  Olhando gerações anteriores à nossa, podemos ver que ideologias políticas e divergências sociais sempre existiram, porém a juventude dos anos 60 e 70 conseguiam se unir em causas comuns, hoje é tudo como uma briga de torcidas organizadas, você é o coxinha ou o mortadela, não existe meio termo, talvez a coxinha de mortadela seja uma rara iguaria de nossa política indigesta em que a azia é causada pela intolerância e pelo fanatismo, poucas pessoas debatem, geralmente tenta-se enfiar goela abaixo o salgado ou o sanduíche preparado com o embutido. A bipolarização política é como a fé cega, sempre é o outro que está errado, ficar em cima do muro? Criar uma concepção que funda pensamentos de ambos os lados? Tudo fora de cogitação, escolha seu uniforme, azul ou vermelho? Prefiro o luto dos debates que já nascem mortos.
  Tudo é motivo para problematização, mas cadê as soluções viáveis? Vejo nossa geração extremamente apática e nenhum um pouco autêntica, é fácil criar rótulos baseados nos gostos que as pessoas aparentam ter, pelas roupas que usam ou pelo estilo de vida que elas escolheram. Pior do que os julgamentos em si, é a forma como eles acontecem, como já disse todos querem ter a razão, mas sempre são coisas discutidas pelas costas. Quando a problematização envolve “influências”, ninguém quer lidar com o problema, ninguém quer conviver com aquelas pessoas indesejáveis, mas sempre irão jogar a responsabilidade para alguém, prefiro que falem abertamente nesse tipo de situação, mas ser ácido e sincero com as palavras não é um convite para conversa com pessoas falsas.
  Chego agora ao politicamente correto que citei lá em cima, o rei da discriminação moderna e do racismo moderno. Boa parte das mazelas sociais da nossa geração só ocorrem graças ao: “você não pode falar assim, respeite ele, ele não sabe o que está fazendo, fulano deve ter problemas, não é legal falar do peso ou da cor do outro”, oras cresci sendo zoado e retrucando as ofensas, em certo momento da vida tudo vira uma grande brincadeira, só se ofende facilmente quem tem medo de viver.
  Enfim, por mais que o texto tenha algumas confusões, ele retrata a confusão que anda minha vida e a vida das pessoas da minha geração. Mas como ultimamente tenho preferido evitar o embate direto, convido as pessoas para a reflexão, não custa nada, seria tão bom ouvir as coisas na lata podendo rebater, receber soluções ao invés de problematizações, apáticos, egoístas, intolerantes, retrógrados, dentre outros adjetivos negativos, sim estou falando sobre minha geração. It´s my generation, baby...

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